E
a calma retira-se, deixando em nós o excitante gosto da antecipação, os
sentidos despertos, as emoções à flor da pele, a pele que pede mais pele, os
lábios que se calam e que pedem mais beijos, os beijos que pedem mais tempo, o
tempo que se desfruta como se fossem escassos segundos, como se fosse ser
assim, por toda a eternidade.
E a calma esvai-se por entre suspiros, e corações descompassados, e o equilíbrio
da vida mantém-se como se pode, neste jogo do arame em que tentamos não nos
perder, mas nos sabemos já perdidos no mar de sentimentos, que se recebem e
oferecem. Perdidos que somos momentaneamente, para nos encontrarmos novamente num
outro espaço interno, já um pouco esquecido.
E
quando a calma voltar lentamente aos nossos corpos, seremos mais, estaremos
mais dentro de nós e um do outro, estaremos unidos ao Amor Divino como nunca,
porque é através dos delicados fios do amor humano que se tecem no Verdadeiro
Fogo do Coração, que nos tornamos Deuses.