quinta-feira, 5 de junho de 2014

EU

Já olhei o mundo com olhos de espanto e ingenuidade, já fechei os olhos por não querer ver, por não querer saber, abri os braços para abraçar, fechei-os em mim para me proteger.
Já senti intensamente, no corpo, na pele, no coração, e por dentro onde não há nome. Já senti o medo e o amor, a tristeza e o desespero, a alegria e a solidão, o apoio incondicional e o abandono. Já vivi à beira do abismo, e já fiz o meu ninho, onde julguei ser para sempre.  Já achei que sabia tudo, para em seguida cair, no fundo da minha total ignorância. Já dei sem saber o que dava, já recebi pela metade, já recebi tanto ,sem saber receber, achando que recebia nada. Já fui tanta coisa, e já descobri que não era nada, e que era tudo ao mesmo tempo. Já desci ao fundo do poço, e já escalei à nuvem mais alta. Dor e felicidade, às vezes em simultâneo dentro de mim. E quem sou , quem fui, quem serei? Tudo isso, tudo isto, tudo o que ainda está por vir.
Parece que já percorri um mundo inteiro, e que dentro desta, couberam milhentas vidas, parece que às vezes me cansa, e outras vezes me assombro com tanta coisa que ainda descubro e aprendo todos os dias.
No fundo é sempre tanto mais o que senti e sinto, do que o que fiz  e faço, porque na vida, tudo para mim se expressa em sentimentos, tudo se entende, pelo arrepio na pele, pelas borboletas na barriga, pelas lágrimas que correm, pelo sorriso rasgado, pelo aperto no peito, pelas pernas que tremem. 
E recebo a vida em mim. Livre, respiro a vida, sou a vida, com toda a sua luz e toda a sua sombra. Haja o que houver, assim será!