Porque há um infinito cá dentro, que não me cabe às vezes... Por isso escrevo, ideias, sentimentos, palavras sem sentido também... Eu no mundo, o mundo em mim, sempre de olhos e coração nas Estrelas, porque é de lá que venho, e é para lá que voltarei!
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Buda gordo
Não, o Buda não era gordo. E não, esfregar a barriga de um Buda gordo não traz felicidade.
Imensas pessoas me perguntam "mas o Buda não era gordo?" Aqui fica uma possivel explicação para essas imagens que todos já vimos.
Sidharta Gautama era um andarilho. Quando ainda jovem, membro da casta guerreira, praticava artes marciais e desportos. Mais tarde, quando abandonou o palácio, dedicou-se durante anos a fio a práticas ascéticas, as quais, certamente, não incluiam fartas refeições. Após a iluminação e até morrer, o Buda andou incessantemente de vila em vila, cidade em cidade, montanha em montanha e todos os dias, ele e os seus discipulos tinham que procurar o que comer.
Então por que é que alguém teria a idéia de representá-lo gordo? O que acontece na realidade é que o famoso Buda gordo não é uma representação do Buda. A origem dos "Budas Gordos" é obscura e há várias explicações. Na verdade, parece ter havido vários personagens gordos.
As primeiras representações chinesas de tal personagem apareceram provavelmente na dinastia Sung (960-1275). Um primeiro Buda é aquele representado sentado sobre um saco (contendo tesouros). Em sua mão esquerda ele segura uma peça de ouro na forma de um barco ou, por vezes, um mala. Na mão direita por vezes segura um leque. Nesse caso, ele representa Mi Fo, talvez associado ao rei-guardião da prosperidade, Jambhuvala, o qual preside o setor norte do universo.
Uma outra figura parece ter tido como inspiração Chang Dingzi, um monge budista que viveu na China do décimo século. Ele carregava um saco às costas e por causa da sua sabedoria e fama de feitos miraculosos passou a ser considerado uma manifestação de Maitreya, o Buda do futuro. Maitreya é tido como o bodhisattva da compaixão ilimitada. Na China havia uma expressão idiomática para alguém muito paciente e tolerante, "aquele de estômago grande". Talvez essa expressão tenha sido tomada à letra, surgindo o sujeito gordo carregando um saco nas costas. Enquanto tal, ele é assim uma representação de Maitreya (Mileh Fo em chinês ou Miroku Bosatsu em japonês).
Noutra representação encontramos o obeso personagem com as mãos para o alto, como que a segurar os céus para não cair. Este é Hotei, o deus chinês da prosperidade e da riqueza. Uma grande barriga sempre foi associada na Ásia à prosperidade. Alguns associam-no à divindade indiana Indra, senhor dos céus. Hotei aparece sempre a rir, daí muitos o chamarem de "Buda Sorridente". Hotei é uma das sete divindades japonesas da sorte.
Há ainda uma outra representação, quando ele aparece a rir e cercado de criaças ou animais. Esse é o bodhisattva Kshitagarbha (Di Zang Wang Pu Sa em chinês e Jizo Bosatsu em japonês), protector das crianças e para o qual muitos rezam quando perdem os seus filhos.
Oriundo da tradição tailandesa, temos ainda uma outra história. O nosso personagem era um discípulo do Buda, jovem e atraente. As mulheres não o deixavam em paz, então ele desejou tornar-se muito gordo para que elas o deixassem em paz e ele pudesse meditar tranquilo. Uma outra versão o associa a Anathapindika, o rico comerciante que tanto apoiou o Buddha e a Sangha de monges. Como prosperidade e uma grande barriga também estão associadas na cultura indiana, o "Buddha Gordo" apareceu.
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